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sábado, 16 de abril de 2011

Tai chi chuan

Oi pessoal

Vocês gostaram da imagem que eu coloquei? Ela representa a lenda  da origem do Tai chi chuan. Diz a lenda que Zhang Sanfeng  treinou a arte marcial externa no Templo Shaolin, chegando ao seu nível mais alto de desenvoltura. Depois de peregrinar pela China, foi parar na Montanha Wu-dang, na Província de Hufei, onde se tornou monte taoísta para curtir o final da sua vida.
 O foco do taoísmo está no indivíduo dentro da natureza e não da sociedade. O objetivo da vida de cada indivíduo é encontrar o seu ajuste pessoal ao ritmo natural do mundo, e seguir o caminho (Tao) do Universo. Assim, nas suas práticas de arte marcial, até então externa, o princípio do taoísmo foi incorporado.
Um dia, durante os seus estudos, ele, Zhang Sanfeng, observou a luta entre uma serpente e uma garça. Na luta ele observou os movimentos sinuosos e circulares, com suavidade mas com dureza, movimentos lentos, mas instantes de explosão; se a cabeça fosse atacada a cauda da serpente reagia dando chicotadas; se a cauda fosse atacada era lançada contra o atacante; se o corpo fosse atacado, a cabeça e a cauda agiam; todos esses movimentos numa forma circular, suave, harmoniosa e contínua, sem interrupção, porém com a dureza e flexibilidade do bambu, do aço. Contemplando a luta, Zhang Sanfeng teve a inspiração para criar uma nova forma de executar a arte marcial; foi assim que iniciou o tai chi chuan. Mas isso é só uma lenda.
E porque eu estou contando isso pra vocês?
Por que eu comecei a praticar essa arte marcial e estou adorando.
Estou conseguindo encontrar meu centro de equilíbrio, treinando minha respiração e todo meu organismo está sentindo um grande bem estar. Eu recomendo a todos.  Logo logo estarei tão sinuosa quanto a serpente. Cuidado rsssss....... (brincadeirinha!!)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

LÁ NA ESQUINA: JAPÃO

LÁ NA ESQUINA: JAPÃO: "JAPÃO Quando voltei ao Brasil, depois de residir doze anos no Japão, me incumbi da difícil missão de transmitir o que mais me impress..."

JAPÃO




JAPÃO
Quando voltei ao Brasil, depois de residir doze anos no Japão, me incumbi da difícil missão de transmitir o que mais me impressionou do povo Japonês: kokoro.
Kokoro  ou Shin significa coração-mente-essência.
Como educar pessoas a ter sensibilidade suficiente para sair de si mesmas, de suas necessidades pessoais e se colocar à serviço e disposição do grupo, das outras pessoas, da natureza ilimitada?
Outra palavra é gaman: aguentar, suportar.  Educação para ser capaz  de suportar dificuldades e superá-las.
Assim, a tragédia de 11 de março, no Nordeste japonês, surpreendeu o mundo  de duas maneiras.
A primeira pela violência do tsunami e dos vários terremotos, bem como dos perigos de radiação das usinas nucleares de Fukushima.
A segunda pela disciplina, ordem, dignidade, paciência, honra e respeito de todas as vítimas.
Filas de pessoas passando baldes cheios e vazios, de uma piscina para os banheiros.
Nos abrigos, a surpresa dos repórteres norte americanos: ninguém queria tirar vantagem sobre ninguém.  Compartilhavam cobertas, alimentos, dores, saudades, preocupações, massagens. Cada qual se mantinha em sua área.  As crianças não faziam algazarra, não corriam e gritavam, mas se mantinham no espaço que a família havia reservado.
Não furaram as  filas para assistência médica - quantas pessoas necessitando de remédios perdidos - mas esperaram sua vez também para receber água, usar o telefone, receber atenção médica,  alimentos, roupas e escalda pés singelos, com pouquíssima água. 
Compartilharam também do resfriado, da falta de água para higiene pessoal e coletiva, da fome, da tristeza, da dor, das perdas de verduras, leite, da morte.
Nos supermercados lotados e esvaziados de alimentos, não houve saques.  Houve a resignação da tragédia e o agradecimento pelo pouco que recebiam.  Ensinamento de Buda, hoje enraizado na cultura e chamado de kansha no kokoro: coração de gratidão.
Sumimasen é outra palavra chave.  Desculpe, sinto muito, com licença. Por vezes me parecia que as pessoas pediam desculpas por viver.  Desculpe causar preocupação, desculpe incomodar, desculpe precisar falar com você, ou tocar à sua porta.  Desculpe pela minha dor, pelo minhas lágrimas, pela minha passagem, pela preocupação que estamos causando ao mundo.  Sumimasem.
Quando temos humildade e respeito pensamos nos outros, nos seus sentimentos, necessidades. Quando cuidamos da vida como um todo, somos cuidadas e respeitadas.
O inverso não é verdadeiro: se pensar primeiro em mim e só cuidar de mim, perderei.  Cada um de nós é o todo manifesto.
Acompanhando as transmissões na TV e na Internet pude pressentir a atenção e cuidado com quem estaria assistindo: mostrar a realidade, sem ofender, sem estarrecer, sem causar pânico.  As vítimas encontradas, vivas ou mortas eram gentilmente cobertas pelos grupos de  resgate e delicadamente transportadas - quer para as tendas do exército, que serviam de hospital, quer para as ambulâncias, helicópteros, barcos, que os levariam a hospitais.
         Análise da situação por especialistas, informações incessantes a toda população pelos oficiais do governo e a noção bem estabelecida de que “somos um só povo e um só país”.
         Telefonei várias vezes aos templos por onde passei e recebi telefonemas.  Diziam-me do exagero das notícias internacionais, da confiança nas soluções que seriam encontradas e todos me pediram que não cancelasse nossa viagem em Julho próximo.
         Aprendemos com essa tragédia  o que Buda ensinou há dois mil e quinhentos anos: a vida é transitória,  nada é seguro neste mundo,  tudo pode ser destruído em um instante e reconstruído novamente.
         Reafirmando a Lei da Causalidade podemos perceber como tudo  está interligado e que nós humanos não somos e jamais seremos capazes de salvar a Terra.  O planeta tem seu próprio movimento e vida.  Estamos na superfície, na casquinha mais fina.  Os movimentos das placas tectônicas não tem a ver com sentimentos humanos, com divindades, vinganças ou castigos.  O que podemos fazer é cuidar da pequena camada produtiva, da água, do solo e do ar que respiramos.  E isso já é uma tarefa e tanto.
         Aprendemos com o povo japonês que a solidariedade leva à ordem, que a paciência leva à tranquilidade e que o sofrimento compartilhado leva à reconstrução.
         Esse exemplo de solidariedade, de bravura, dignidade, de humildade, de respeito aos vivos e aos mortos ficará impresso em todos que acompanharam as tragédias que se seguiram a 11 de março.
         Minhas preces, meus respeitos, minha ternura e minha imensa tristeza em testemunhar tanto sofrimento e tanta dor de um povo que aprendi a amar e respeitar. 
         Haviam pessoas suas conhecidas na tragédia?, me perguntaram. E só posso dizer : todas.  Todas eram e são pessoas de meu conhecimento.  Com elas aprendi a orar, a ter fé, paciência, persistência.  Aprendi a respeitar meus ancestrais e a linhagem de Budas.
                                                                                                 Mãos em prece
                                                                                                     Monja Coen